domingo, 28 de fevereiro de 2010

ANICCA!

Bom, em mais um dos meus episódios de minha experimentação humana, permiti-me conhecer o silêncio real, concreto e "absoluto". Submeti a mim mesma a 10 dias de total silêncio e constante meditação, onde qualquer contato humano, seja ele visual, físico ou falado eram proibidos. Confesso que inicialmente fiquei um tanto quanto desapontada, porque o que experimentei não se pareceu com silêncio algum. Pelo contrário! Minha mente tagarelava o tempo todo me colocando em situações nunca antes experimentadas ou relembrando aquelas velhas conhecidas. Falar é um hábito quotidiano de praticamente qualquer ser humano vivente e não vivente deste planeta e para a grande maioria deles, este é o principal meio de interação com o ambiente como um todo. Nunca imaginei-me sem falar, até porque nesta sociedade em que vivemos o ser social bem sucedido é aquele que se expressa muito bem através do ato de falar. E eu, como boa geminiana, filha de professores que sou, sempre me utilizei bem deste meio de comunicação. Viver esta experiência me mostrou o quanto estive equivocada, ou apenas exagerada durante quase toda minha vida. Falar é importante, divertido, mas atrapalha muito!!! Estes dez dias de silêncio me permitiu ver o quanto minha mente fala e eu não escuto, o quanto eu perco interpretando mal as pessoas, as situações, por não ouvir e perceber os detalhes, pelo ímpeto de falar e falar e falar.
Nesta jornada de 10 dias também tive a oportunidade de entrar em contato pela primeira vez com o preceito Budista da impermanência (Anicca), aquele que reza que tudo é impermanente. Confesso que a descoberta da existência deste me deixou extremamente aliviada. Já que sou partidária e praticante daquela máxima de mudar de opinião a qualquer momento, saber que tudo é sempre impermanente me faz sentir menos problemática com minhas constantes mudanças radicais de opinião sobre as coisas. Esta lei é um bálsamo! Se tudo é impermanente, porque sofrer? Não faz sentido algum sabendo que qualquer situação não permanecerá para sempre. Minha máxima agora é Anicca, anicca, anicca! Enquanto isto permanecer em mim espero ver o mundo com mais cores, falar somente o necessário e escutar e perceber melhor os detalhes que fazem toda a diferença.

Um comentário:

  1. bueno, como já conversamos, sigo refratário ao silêncio - ainda que reconheça e admita os benefícios desse exercício de reflexão muda. quanto ao anicca, tô dentríssimo: mudar é comigo mesmo!

    ResponderExcluir